Reforma tributária: o que muda na prática e como os contadores devem se preparar

Reforma tributária: o que muda na prática e como os contadores devem se preparar

12 de agosto de 2025 • 14 min de leitura

Sumário

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    Reforma tributária chegando: saiba o que muda na rotina dos contadores e como se preparar para evitar riscos e garantir conformidade. Leia agora!

    A tão aguardada reforma tributária está chegando trazendo mudanças que impactarão diretamente na rotina de contadores, administradores e estudantes de contabilidade. Entender essas alterações é fundamental para garantir a conformidade fiscal, evitar os riscos de autuação e preparar as empresas para o novo cenário tributário brasileiro. Neste artigo, vamos esclarecer o que muda na prática com a reforma e como você pode se preparar para essas transformações.

    O que é a reforma tributária e qual o objetivo dela?

    A reforma tributária é uma iniciativa que busca simplificar o complexo sistema de impostos vigente no Brasil. A proposta principal está ancorada na PEC nº 110/2019, consolidada na Lei Complementar nº 214/2025. O objetivo é substituir os cinco principais tributos por dois novos, tornando a arrecadação mais eficiente e menos burocrática.

    Tributos envolvidos na reforma:

    • PIS
    • Cofins
    • IPI
    • ICMS
    • ISS

    Novos impostos propostos:

    CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – de competência federal

    IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – gerido por estados e municípios

    Além disso, será criado um Imposto Seletivo, voltado para produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas.

    Principais mudanças

    A reforma traz transformações significativas, tais como:

    • Fim da cumulatividade: elimina o pagamento de imposto sobre imposto, permitindo crédito tributário ao longo da cadeia produtiva
    • Alíquota única: CBS e IBS terão alíquotas uniformes em todo o país, encerrando a guerra fiscal entre estados e municípios
    • Imposto Seletivo: tributo para desestimular consumo de produtos prejudiciais, conhecido como “imposto do pecado”
    • Mudanças no IPVA: incidência ampliada para veículos aquáticos e aéreos, com possibilidade de alíquotas progressivas conforme valor e impacto ambiental.
    • Alterações no ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação): alíquotas progressivas e competência definida pelo domicílio do falecido ou doador
    • Atualização do IPTU: prefeitos poderão atualizar a base de cálculo por decreto, sem necessidade de aprovação legislativa

    Cronograma de implantação e etapas até 2033

    A implementação da reforma está dividida para permitir adaptação gradual:

    • 2026: início do período de testes, com destaque nas notas fiscais de 0,9% para CBS e 0,1% para IBS, sem recolhimento
    • 2027: extinção do PIS/Cofins e início da cobrança efetiva da CBS
    • 2029: início da cobrança progressiva do IBS, substituindo ICMS e ISS
    • 2033: extinção total do ICMS e ISS, IBS se torna único tributo subnacional sobre bens e serviços

    Vale destacar que, mesmo sem recolhimento em 2026, os dados coletados serão essenciais para calibrar as alíquotas futuras.

    Impactos e cuidados para as empresas em 2026

    Embora 2026 seja um ano de teste, os impactos são reais e demandam atenção:

    Adequação de sistemas: ERP e softwares fiscais precisam suportar os novos campos para CBS e IBS

    • Treinamento da equipe fiscal: conhecimento das novas regras e das obrigações acessórias é indispensável
    • Revisão de processos internos: rotinas contábeis e fiscais devem ser ajustadas para cumprir as novas exigências
    • Inventário e crédito de estoque: empresas em regime cumulativo devem detalhar estoques para cálculo correto de créditos presumidos
    • Riscos fiscais: o não cumprimento das obrigações pode gerar autuações retroativas, mesmo sem recolhimento em 2026

    Como se preparar para as mudanças da reforma tributária em 2026

    Para evitar surpresas e riscos, confira os principais passos para se antecipar:

    • Atualize seus sistemas de gestão fiscal para incorporar os novos requisitos da CBS e IBS
    • Capacite sua equipe técnica para garantir domínio da nova legislação
    • Organize o mapeamento de créditos acumulados e estoques, garantindo transparência e controle
    • Acompanhe a regulamentação complementar que será publicada gradualmente

    A antecipação é fundamental para entrar em 2027 com segurança e conformidade.

    O que esperar após 2026: perspectivas futuras para CBS e IBS

    A partir de 2027, o CBS começará a valer efetivamente, enquanto o IBS terá implantação gradual até 2033. A uniformização do IBS eliminará diferenças regionais atuais, impactando estratégias comerciais e logísticas, principalmente para empresas que atuam em múltiplos estados. Preparar-se para essas mudanças é crucial para manter a competitividade no mercado.

    5 Perguntas mais frequentes

    1 - Preciso cobrar IBS e CBS do cliente em 2026?Não. O destaque nas notas fiscais é obrigatório, mas os valores não serão cobrados nem recolhidos.

    2 - O que acontece se eu errar no destaque das alíquotas?
    A legislação prevê multas e juros, pois o destaque correto é essencial para o controle do novo sistema.
    3 - Como informar créditos presumidos na declaração?
    Os créditos serão lançados na EFD-Contribuições seguindo as futuras regras da CBS.
    4 - Posso ignorar as obrigações acessórias em 2026?
    Não. O recolhimento está dispensado, mas as obrigações acessórias devem ser cumpridas integralmente.
    5 - Quando sai a regulamentação definitiva?
    Ainda não há data definida. Por isso, é importante acompanhar as publicações oficiais.

    Conclusão

    A reforma tributária representa uma mudança profunda no sistema fiscal brasileiro, exigindo preparo e atenção redobrada de contadores, administradores e estudantes da área. Começar a se adaptar já em 2025 é o diferencial para evitar riscos e garantir o sucesso na transição. 

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    por: Vanessa Mandarano

    Revisão: Beatriz Baptista

    Imagem: Freepik